As Dez Piores Práticas da
Indústria Farmacêutica






O genial divulgador britânico Ben Goldacre denuncia em seu livro "Bad Pharma: How Drug Companies Mislead Doctors and Harm Patients" ("Má Farmacêutica: como as empresas de medicamentos enganam os médicos e danam os pacientes") as condutas irregulares da indústria farmacêuticas, ocultando resultados negativos que custam a cada ano muitas vidas.

Foi com base neste livro de Ben Goldacre (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ben_Goldacre) que criamos este decálogo com as piores práticas da indústria farmacêutica:

1. - 90% dos ensaios clínicos publicados são patrocinados pela "big pharma". Este é o principal motivo pelo qual todo o sistema de ensaios clínicos está alterado, segundo Goldacre, e pelo qual acarretam o resto de problemas.

2. - Os resultados negativos são ocultados sistematicamente da sociedade.

- "Estamos vendo apenas os resultados positivos e perdendo os negativos", escreve Goldacre. - "Deveríamos começar um registro de todos os ensaios clínicos, pedir para as pessoas que registrem seu estudo antes de começar e fazer questão de que publiquem seus resultados no final". Em muitos casos, denuncia o autor, as farmacêuticas reservam-se o direito de interromper um ensaio e se veem que não vai dar o resultado esperado, simplesmente o detêm. Ademais, obrigam os cientistas que participam nestes estudos a manter em segredo os resultados. E esta prática, de vez em quando, pode ter consequências dramáticas.

Nos anos 90, por exemplo, foi realizado um ensaio com uma substância criada contra as arritmias cardíacas chamada Lorcainida. Selecionaram 100 pacientes e a metade deles tomou um placebo. Entre os que tomaram a substância, 9 morreram (em relação a 1 do outro grupo), mas os resultados nunca foram publicados porque a farmacêutica paralisou o processo. Uma década depois, outra companhia teve a mesma ideia, mas desta vez colocou a Lorcainida em circulação. Segundo Goldacre, até 100.000 pessoas podem ter morrido desnecessariamente antes de que alguém se desse conta dos efeitos. Os pesquisadores que tinham feito o primeiro ensaio pediram perdão à comunidade científica por não ter informado os resultados.

- "Só a metade dos ensaios são publicados", escreve Goldacre, - "E os que têm resultados negativos têm duas vezes mais possibilidades de se perder do que os positivos. Isto significa que os testes nos quais baseamos nossas decisões em Medicina estão sistematicamente manipulados para destacar os benefícios que um tratamento proporciona".

3. - As farmacêuticas manipulam ou maquilam os resultados dos ensaios. Em muitas ocasiões os próprios ensaios são mal desenhados: usam uma amostra muito pequena, por exemplo, alteram os resultados ou comparam com produtos que não são benéficos para a saúde. Goldacre enumera um monte de pequenas armadilhas que realizadas de forma cotidiana para colocar um medicamento no mercado, como escolher os efeitos da substância em um subgrupo quando não se obtiveram os resultados esperados no grupo que buscavam no começo.

4. - Os resultados não são replicáveis. O mais preocupante para Goldacre é que em muitas ocasiões, não é possível repetir o resultado dos estudos publicados.

- "Em 2012, um grupo de pesquisadores informou na revista Nature de sua tentativa de replicar 53 estudos para o tratamento prematuro do câncer: 47 dos 53 não puderam ser replicados".

5. - Os comitês de ética e os órgãos reguladores falharam. Segundo Goldacre, as autoridades tomaram medidas ante as constantes denúncias, mas a inoperância converteu estas medidas em falsas soluções. Os órgãos reguladores negam-se a dar informação à sociedade com a desculpa de que pessoas de fora da agência poderiam fazer um mal uso ou interpretar os dados de forma errônea. A inoperância leva a situações como a que ocorreu com o Rosiglitazone. Em 2011 a OMS e a empresa GSK tiveram notícia da possível relação deste medicamento e alguns problemas cardíacos, mas simplesmente não publicaram a informação. Em 2007 um cardiologista descobriu que incrementava o risco de problemas cardíacos em 43% e ainda assim ficou nas prateleiras até 2010.

6. - Prescrevem medicamentos a crianças que só têm autorização para adultos. Este foi o caso do antidepressivo Paroxetine. A companhia GSK, segundo Goldacre, soube de seus efeitos colaterais em menores e permitiu que seguissem receitando ao não incluir nenhuma advertência. A empresa soube do aumento do número de suicídios entre os menores que tomavam o médio e não alertou a comunidade médica até 2003.

7. - Realizam ensaios clínicos com os grupos mais desfavorecidos. Com frequência descobriram as farmacêuticas usando mendigos ou imigrantes ilegais para seus ensaios. Estamos criando uma sociedade, escreve, onde os medicamentos são ensaiados nos pobres. Nos EUA, por exemplo, os latinos se oferecem como voluntários até sete vezes mais só para obter cobertura médica e boa parte dos ensaios clínicos estão sendo deslocados a países como China ou Índia onde sai mais barato. Um ensaio nos EUA custa 30.000 dólares por paciente, explica Goldacre, e na Romênia sai por apenas 3.000.

8. - Produzem conflitos de interesses: Muitos dos representantes dos pacientes pertencem a organizações financiadas generosamente pela big pharma. Alguns dos diretores das agências reguladoras terminam trabalhando para as grandes farmacêuticas em uma relação bastante obscura.

9. - A indústria distorce as crenças dos médicos e substituem as provas por marketing. As farmacêuticas, denúncia Goldacre, gastam a cada ano milhares de milhões para mudar as decisões que os médicos tomam à hora de receitar um tratamento. De fato, as empresas gastam o dobro em marketing e publicidade do que em pesquisa e desenvolvimento, uma distorção que pagamos no preço dos medicamentos. As táticas vão desde a conhecida influência dos visitantes médicos (com convites a viagens, congressos e luxuosos hotéis) a técnicas mais enigmáticas como a publicação de ensaios clínicos cujo único objetivo é fazer com que o produto seja conhecido entre muitos médicos que participam no processo. Muitas das associações de pacientes que negociam nas instituições para pedir normas recebem generosas subvenções de determinadas empresas farmacêuticas.

10. - Os critérios para aprovar medicamentos são como um peneira furada. Os órgãos reguladores deveriam requerer que um medicamento seja melhor que o melhor tratamento disponível, mas o que acontece, segundo Goldacre, é que a maioria das vezes basta apenas que a empresa prove que é melhor que nenhum tratamento em absoluto. Um estudo de 2007 demonstrou que só a metade dos medicamentos aprovados entre 1999 e 2005 foram comparados com outros medicamentos existentes. O mercado está inundado de medicamentos que não trazem nenhum benefício -a não ser para os donos das farmacêuticas-, segundo o autor de Bad Pharma, ou de versões do mesmo medicamento por outra companhia ou versões do mesmo laboratório quando prescreve a patente.

Fonte: http://www.badscience.net/about-dr-ben-goldacre/



©2013 Solange Christtine Ventura
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