Desenvolvido por Ricardo Ventura
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(SRI PREM BABA)
Todo e qualquer ser humano guarda em seu coração um anseio: ser feliz. Uns acreditam que esta felicidade chegará através da realização de seus desejos, como a aquisição de bens materiais ou a eliminação de determinadas preocupações. Investem toda a sua energia e tempo na realização destes objetivos, muitas vezes sujeitando-se a todo tipo de sacrifícios. Movem-se, porém, motivados pela crença de que esta tão almejada felicidade acontecerá, caso o objeto de seu desejo seja alcançado. Porém observa-se que ao realizar tal intento a pessoa vive apenas um prazer temporário, uma felicidade que dura, em alguns casos, apenas poucos minutos. Após este curto espaço de satisfação a pessoa volta para seu “buraco sem fundo” de insatisfações e passa a criar outro desejo. E assim sucessivamente. Esta pessoa, que podemos chamar de espiritualmente imatura, acredita que a felicidade interior virá apenas quando o mundo exterior estiver de acordo com suas expectativas. Porém, uma pessoa espiritualmente madura sabe que a verdade é exatamente o contrário. A Felicidade não é uma estação de chegada e sim um meio de transporte.

O seu mundo externo é um reflexo de seu mundo interno. A felicidade não depende de circunstâncias exteriores e nem de pessoas. A felicidade é um fenômeno interno que independe totalmente de circunstâncias exteriores. Creditar a felicidade ao externo é um truque para que você possa culpar o destino, o karma, Deus e os demais culpados, pelo seu fracasso. A felicidade ou infelicidade depende única e exclusivamente de você. A felicidade deve ser criada primeiramente dentro de si mesmo e então naturalmente ela acontecerá na sua vida externa.

Em síntese poderíamos dizer que felicidade é Deus. E que Deus é a sua mais íntima realidade. É o seu Eu Real. Essa é a busca. E ela não está em lugar algum a não ser aqui mesmo. Também em síntese poderíamos dizer que espiritualidade é o conhecimento de si mesmo. Quem é você? O caminho da espiritualidade leva a você mesmo. É o caminho de volta ao lar. É como se você fosse uma gotinha de água que está por aí de terno e gravata, usando óculos escuros e dirigindo seu conversível, acreditando ser qualquer coisa, menos o oceano.

Esta é a realidade do ser humano, perdido num baile de máscaras, acreditando ser a máscara. A verdadeira felicidade só é possível removendo o véu de ilusões que você criou no decorrer de suas vidas. Podemos chamar este véu de ilusões de ignorância, que se expressa através das máscaras e de seu Eu inferior. Com uma multiplicidade de aspectos, também conhecidos como defeitos, que se expressam como gula, preguiça, inveja, ira, orgulho, luxúria, medo e mentira (para citar os mais conhecidos). Tais aspectos do Ego precisam ser acolhidos, elaborados e integrados para que você atinja a realidade de seu Eu Superior. Embora o Eu inferior seja uma realidade transitória, devido ao fato de tratar-se de uma distorção de seu Eu Real, precisa ser descoberto para então ser integrado.

Isto é espiritualidade. Realizar a travessia do mar sagrado e reassumir sua verdadeira identidade, relembrar de sua natureza divina.
Mas e o que isto tem a ver com dinheiro?

Precisamos compreender que dinheiro, assim como tudo neste plano, é energia, energia neutra.
Quem oferece polaridade para esta energia é o ser humano. Se o Eu superior faz uso desta força ela ganha uma polaridade positiva e poderá servir à grande obra, construindo e favorecendo a cultura de paz. Se o Eu inferior faz uso desta força, empresta-lhe uma polaridade negativa, que será utilizada para a destruição e para fomentar a cultura de guerra. O Eu inferior se apropria desta força na medida em que acredita que ela lhe oferece poder, obviamente “poder” para dominar o outro e saciar assim seu sentimento de carência e inferioridade.

Estando a consciência centrada no Eu superior, ou seja, estando a gotinha de água diluída no oceano, ou mesmo consciente de que é o oceano, este passa a ser sua fonte de energia. Porém, existindo a ilusão da separação, este “sentir-se à parte” interrompe a ligação e a fonte de alimentação de energia, o que inevitavelmente lhe faz carente desta energia e desejoso de tirá-la dos outros. A melhor estratégia criada pelo ego para atingir este objetivo é fazer o outro sentir-se menos que você, assim você suga a energia alheia “de canudinho”, como um vampiro.

O dinheiro, símbolo criado para representar a valia do instrumento de troca, pode perfeitamente representar afeto. É comum o pai que não dá amor oferecer dinheiro em troca de seu afeto, tanto na forma de moeda como bens materiais. “Eu não tenho tempo nem condições de lhe tocar, mas eu não deixo faltar nada.” Perceba que a personalidade da criança em formação acaba concluindo erroneamente que dinheiro é sinônimo de afeto, generalizando esta imagem para toda sua vida. Quando cresce, se torna um ser humano intelectualmente maduro, mas mantém esta “criança ferida” com suas conclusões errôneas, generalizando e projetando seu pai distante (abandonador) em outras pessoas de seus relacionamentos, bem como a crença de que dinheiro e afeto são a mesma coisa. É óbvio que isto ocorre numa instância inconsciente, e que quanto mais o intelecto se desenvolve para proteger a criança desta ferida de abandono, mais para o fundo do inconsciente vão estas marcas. Desta maneira, acabam agindo à revelia, por estar escondidas na sombra do esquecimento.

Este é o motivo subjacente por trás das guerras e da frieza que assola o mundo, inclusive na vida ocidental moderna. O dinheiro passa a ser o objetivo da busca, pois se acredita que ele resolverá todos os problemas - inconscientemente, o que se busca é amor. Alguns que, por determinação kármica, atingem este objetivo, podem até engrossar suas defesas, porque se acreditam poderosos e preenchidos pelo dinheiro obtido. No fundo sabem que é tudo mentira, pois sabem que são crianças carentes. Esta inversão cria todo tipo de confusão e sofrimento, inclusive em relação à maneira de atingir-se a meta. Se dinheiro é a meta, obviamente todos os esforços serão neste sentido, independente inclusive da natureza do trabalho executado ou do prazer neste trabalho.

A pessoa espiritualmente madura sabe que o dinheiro é uma conseqüência natural de suas ações, que são determinações de seu coração. O trabalho - labor tão cheio de pesar - transforma-se em serviço - o viço do ser -
estar a serviço da divindade, do mestre, que em essência é o seu próprio coração. O serviço traz, como recompensas naturais, prazer e sentimento de realização. O dinheiro é parte desta recompensa, que dignifica e alimenta, porém não é o principal objetivo. Você não é escravo do dinheiro e pode se libertar do apego, o maior grilhão que prende a alma ao ciclo das reencarnações e é o gerador do sofrimento.

Esta
re-inversão da energia só pode acorrer através do autoconhecimento, que em nosso curso de iniciação espiritual abordamos como a pré-escola, onde se trabalha com a criança interior.

O dinheiro pode estar associado a diversos símbolos e crenças. Por exemplo, atendi uma pessoa que se encontrava com muita dificuldade para ganhar dinheiro. Trabalhava muito, e estava tudo bem desde que não ganhasse muito dinheiro, porém, quando começava a ganhar entrava em crise que travava o processo de ganho. Investigando sua biografia, encontramos o dinheiro associado a um quadro infantil envolvendo dor, manipulação, controle e brigas. Essa pessoa acreditava (inconscientemente) que o dinheiro era o símbolo responsável pela desagregação familiar, daí sua negação e dificuldade em obtê-lo.

Outra crença bastante comum nos países cristãos é a da necessidade de sofrer bastante para poder ser merecedor do prazer. De alguma maneira, o que você quer é ser pregado na cruz e receber a coroa de espinhos na cabeça, etc., para ser aceito pelas pessoas à sua volta. Outra crença comum é a de que você precisa ser pobre mesmo porque “é mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.” Crenças como estas com toda a certeza estão limitando a possibilidade de você compreender verdadeiramente a função espiritual do dinheiro, como estão também impossibilitando você de compreender sua identidade espiritual.

Outro importante ponto a ser compreendido quando falamos em espiritualidade e dinheiro diz respeito às cobranças ou pagamentos para os trabalhos espirituais. Talvez seja mais fácil compreender a doação monetária para uma obra que é explicitamente de caridade, mas dificilmente se compreende a verdadeira necessidade de pagar valores para certos trabalhos de autoconhecimento. Chega a ser curiosa esta relação na qual, para a aquisição de bens materiais, você não poupa esforços e não há tanto julgamento. Pode-se até achar algo caro, mas a compra acontece. Basta ter o dinheiro. Porém, quando o trabalho é para si mesmo, desde uma psicoterapia até um grupo espiritual de crescimento, você hesita.
Isto ocorre também por imaturidade espiritual. Há um desconhecimento da Lei do Pagamento e com certeza existe a identificação com crenças limitantes. Existe uma desconfiança, “se há cobrança, então não deve ser tão espiritual assim.” A verdade subjacente é que você usa esta desculpa para não olhar verdadeiramente para si próprio. É uma forma de não se responsabilizar pelo seu processo. Por trás desta aparente avareza está o medo de se descobrir.

A Ética por trás desta questão é que o dinheiro, em si, não é o foco. O foco é a realização da obra, a transmissão do conhecimento. O dinheiro é a energia que circula e que possibilita que a estrutura terrena se desenvolva e dê sustentação para a realização do que necessita ser realizado. É óbvio que existe gente de má fé e mesmo aqueles cheios de boas intenções cujo foco inconsciente ainda é ganhar dinheiro - afeto - e repetir o círculo vicioso do amor imaturo. Este discernimento vai chegando aos poucos, à medida em que você avança no seu processo de crescimento interior.

Por fim, diria que dinheiro não é anti-espiritual, o que é anti-espiritual é seu apego a ele e sua inconsciência a respeito de seu significado. Amadurecendo espiritualmente você descobrirá que dinheiro é tão somente material de escola, desta grande escola que é esta vida.

Pergunta:
Você tem falado sobre uma mesma coisa de muitas maneiras. Outro dia você falava que espiritualidade nada tem haver com dinheiro. Como é isto?

R: A graça Divina não é cobrada. Não pode ser cobrada. A graça Divina é como o Sol que ilumina a todos por igual. Isto não tem nada a haver com dinheiro. Dinheiro é somente um instrumento criado pelo homem para simbolizar a valia dos objetos e serviços. E muitas forças se agregaram a este símbolo.
Assim, o dinheiro é também uma energia que deve ser utilizada com respeito e sabedoria. A ignorância que leva à escravidão neste instrumento tem base na luxúria e na avareza, dois aspectos do eu inferior que fazem com que a entidade humana se mantenha apegada ao corpo e, portanto, identificada com seu falso eu.

A mente tem como pilar principal o pronome “eu“. Do “eu“ nasce o “meu“, estas são as bases da ilusão. Este é o auto-engano básico onde se toma o ilusório pelo real, onde se apega a esta ilusão e se estabelece a base do sofrimento. Na jornada espiritual você não deveria perder seu tempo preocupando-se com dinheiro. Toda sua atenção deveria estar em reconhecer-se como uma manifestação do amor divino e ver esta mesma manifestação em todos os seres. Você não veio a este mundo para se preocupar com dinheiro e muito menos para comprar isto ou aquilo, e sim para realizar a grande obra que é reconhecer-se como Deus e ver o mesmo Deus em todo ser vivo. Assim, você se ocupa de realizar o seu dharma e nada lhe falta. Seja um devoto sincero e nada lhe faltará. A Mãe Divina está sempre doando tudo aquilo que seus filhos necessitam para a sua realização. Se você sente falta de algo é porque está identificado com algum aspecto da ilusão.
O caminho para se libertar está na auto-investigação. A única pergunta possível é: “Quem sou eu?”. Conforme sua dedicação ao Caminho cresce em verdade, todas as suas necessidades são sempre supridas.

Desejar ter mais dinheiro do que você necessita para a sua realização espiritual é uma doença, que tem raiz na luxúria e avareza ou apego ao corpo. Esta doença irremediavelmente lhe proporcionará
sofrimento. Mas não se preocupe com isto. Reconheça o seu apego e dependência da matéria através da auto-investigação. Porém, não se preocupe, apenas ocupe-se em abrir o seu coração, pois isto resolverá todos os seus problemas.

Pergunta: Então eu devo me dedicar à prática espiritual e esperar para que o dinheiro de que necessito para pagar as minhas contas apareça?
R: Você não está compreendendo o que estou dizendo. Primeiro lhe digo que as práticas espirituais não garantem a libertação. Vocês fazem práticas e mais práticas e continuam agindo a partir do mesmo medo da escassez, a partir do mesmo egoísmo. Continuam andando em círculos, ainda com a ilusão de que estão caminhando, por conta do estado de adormecimento que não lhes deixa estar conscientes de que vocês tem visto sempre as mesmas paisagens. O que estou dizendo é que você deveria ocupar-se em reconhecer a si mesmo como uma manifestação divina e ver essa mesma manifestação em todo ser vivo. Isto é atingido através da auto-investigação. Assim seu coração se abre e o seu amor, que é sua verdadeira natureza, se revela. Suas ações passam a ser serviço a Deus.

Fique atento para não cruzar os braços e esperar que as coisas caiam do céu. Deus não tem outros braços além dos seus. Se Deus está em você, é você que tem que realizar. Mas a ação deve ser dedicada a Deus e não para conseguir isto ou aquilo. Acabe com este toma lá e dá cá, pois isto é fruto da ignorância.

Pergunta:
“Isso que você ensina é religião?”

Prem Baba: Depende o que você entende por religião.

Se religião para você for religare, a ligação da alma com o absoluto, ai sim, eu ensino religião. Mas, se religião para você é uma seita, um conjunto de dogmas criados pela mente humana, então eu não ensino religião.

A minha religião é o amor, o caminho da iluminação. Eu vou te conduzindo ao ponto que você se liberte de todos os dogmas e conceitos. Todo o conhecimento emprestado até que a verdade mais pura possa brotar do seu coração.
*Sri Prem Baba (Pai do Amor) é um líder humanitário que está a serviço de auxiliar a transformação planetária, através do exercício do amor e da compaixão para restabelecer e elevar os valores humanos, espirituais e sociais. É um mestre da linhagem Sachcha e um dos herdeiros das tradições xamânicas da floresta brasileira. Trabalha construindo pontes entre o ocidente e oriente e entre os diversos saberes. Desenvolveu um método de autodesenvolvimento que denominou "O Caminho do Coração" que considera ser o elo que une psicologia com espiritualidade.

Seu trabalho começa com a purificação e integração do eu inferior através da auto investigação e identificação dos condicionamentos que causam as repetições negativas; passa pelo descondicionamento e pela desidentificação das imagens que geram a destrutividade, abrindo caminho para a sustentação do êxtase. Ele trabalha para que possamos ser canais do amor divino através da manifestação dos nossos dons e talentos, ou seja, para que possamos entregar os presentes que trouxemos para o mundo, realizando assim o propósito da vida.

Sri Prem Baba nasceu no Brasil onde passa alguns meses do ano e onde construiu o Sachcha Mission Ashram em Nazaré Paulista, São Paulo. Divide o restante do tempo entre o Sachcha Dham Ashram em Rishikesh, Índia e o resto do mundo para onde viaja visitando os diversos centros que estão se desenvolvendo com base nos seus ensinamentos.
http://www.prembaba.org.br/home.htm

Solange Christtine Ventura
www.curaeascensao.com.br