Novo mapa do universo mostra que ele é
mais velho do que se pensava




Um espetacular novo mapa descrevendo a ''luz mais antiga'' do universo, que indica que o cosmos é mais antigo do que se acreditava até agora e dá força à teoria do Big Bang para explicar sua origem, foi revelado pela Agência Espacial Europeia.

O mapa, montado a partir de dados coletados pelo telescópio espacial Planck, apresenta o universo com pixels em tons de azul e marrom que representam variações de temperatura, que por sua vez são indicações da presença de radiação cósmica de fundo na forma de micro-ondas (uma radiação eletromagnética como a luz, mas que não pode ser enxergada a olho nu).

No mapa, as manchas azuis mostram regiões mais frias que a média e as marrons, mais quentes. Os pontos frios mostram onde a matéria do universo está mais concentrada.

Os dados oferecidos pelo Planck sugerem que o cosmos se formou a 13,82 bilhões de anos - um aumento de cerca de 50 milhões de anos em relação a cálculos anteriores.

O mapa também sugere que o universo conta com mais matéria (31,7%) e menos 'energia escura' (68,3%), o misterioso componente que acredita-se estaria provocando a expansão do cosmos a um ritmo acelerado.

Segundo especialistas, algumas imagens presentes no mapa foram inesperadas e exigirão que alguns conceitos adotados pela comunidade científica sejam repensados.

Universo em expansão

O mapa foi montado após a compilação de 15 meses de dados do Planck, um telescópio que custou 600 milhões de euros (cerca de R$ 1,5 bilhão).

A equipe que analisou os dados afirma que o mapa se encaixa bem no modelo clássico de cosmologia, que defende a ideia de que o universo começou em um estado denso, incrivelmente pequeno e de temperatura extremamente elevada e que então, após a explosão conhecida como big bang, se expandiu e foi esfriando.

A radiação cósmica de fundo é a luz que pôde se espalhar pelo espaço assim que o universo desaqueceu o suficiente para permitir a formação de átomos de hidrogênio, cerca de 380 mil anos após o nascimento do cosmos.

Essa radiação de micro-ondas ainda banha a Terra com um brilho quase uniforme, mas é possível detectar variações em seu sinal, e essas flutuações - vistas nas pigmentações no mapa - refletiriam as diferenças na densidade da matéria quando a luz partiu em sua jornada há bilhões de anos.

Cientistas submeteram as oscilações de temperatura a uma série de análises estatísticas, que podem agora ser confrontadas com expectativas teóricas - confirmando algumas e descartando outras.

Surpresas

O mapa também dá força à chamada teoria de inflação cósmica, que afirma que, nos seus primeiros momentos de existência, o universo se expandiu com imensa velocidade.

Mas, como o mapa é bem mais detalhado do que qualquer análise anterior, também é possível encontrar algumas anomalias.
Uma delas é que as oscilações de temperatura, quando analisadas em grande escala, não se encaixam nas previsões do modelo padrão. O sinal é um pouco mais fraco do que o esperado.

O mapa também indica uma assimetria nas temperaturas médias em todo o cosmos e mostra que o 'hemisfério sul' mostrado no mapa é ligeiramente mais quente do que o 'norte'.

Outra anomalia significativa é um ''ponto frio'' no mapa, centrado na constelação de Eridano, que é muito maior do que se esperava.



Satélite europeu estuda 'luz mais antiga do universo'





Cientistas europeus divulgam, na próxima quinta-feira, novas imagens da 'luz mais antiga' do universo compiladas pelo satélite europeu Planck. As imagens devem fornecer informações sem precedentes sobre as origens e a evolução do cosmos.

A expectativa é de que o Planck possa dizer o que aconteceu nos primeiros milionésimos de bilionésimos de segundo depois do Big Bang, quando o universo que podemos observar hoje ocupava quase nenhum espaço.

O satélite foi lançado em 2009 para fazer mapas de temperatura do céu e, nesta semana, os dados finalmente serão divulgados para a comunidade científica mundial.

Resquícios do início

O Planck colheu uma amostra da 'luz mais antiga' do cosmos - a luz que finalmente conseguiu se espalhar no espaço quando o universo havia esfriado o suficiente para permitir a formação de átomos de hidrogênio.

Antes desse momento, tendo o cosmos 375 mil anos de existência, a temperatura seria tão alta que toda a luz teria 'ricocheteado' e permanecido aprisionada em uma neblina de matéria ionizada. O universo era opaco, de acordo com a teoria.

A luz 'fóssil' ainda é evidente hoje. Ela banha a Terra com um brilho quase uniforme que, graças à expansão do universo, agora pode ser vista em frequências de micro-ondas.

Medições precisas dessa radiação cósmica são críticas para a cosmologia, já que qualquer modelo proposto do universo tem de conseguir explicá-la.

Revelações

Satélites americanos, incluindo a missão histórica COBE, de 1989 - que deu o prêmio Nobel ao americano John Mathers -, já levantaram informações surpreendentes examinando a radiação, como a idade do universo - 13,7 bilhões de anos - e sua composição - 4,6% de matéria atômica; 24% de matéria escura e 71,4% de energia escura.

As pesquisas revelaram ainda que o universo é 'achatado', o que quer dizer que o espaço segue as regras da geometria euclidiana, em que linhas retas podem ser estendidas ao infinito e os ângulos de um triângulo somam 180 graus. E permitiram ainda estimar que a formação das primeiras estrelas tenha ocorrido cerca de 400 milhões de anos após o Big Bang.

'(O satélite) Planck tem sensibilidade e resolução suficientes para conseguir extrair ainda mais informação', disse Mathers à BBC. 'Agora, a pergunta é: eles fizeram as coisas certas com os dados? Espero que haja algo surpreendente. O que queremos é (a descoberta de) algum fenômeno novo.'

A equipe europeia por trás do Planck apresentará mapas do céu em nove frequências - seis a mais do que o COBE e três a mais do que seu sucessor americano, o WMAP, que foi lançado em 2001.

Essa varredura mais ampla foi planejada para dar à missão da Agência Espacial Europeia uma visão mais nítida e limpa da radiação cósmica de fundo.

É com essa visão aguçada que o Planck tentará encontrar 'algum novo fenômeno', que tenha acontecido antes mesmo do marco de 375 mil anos após o Big Bang, quando estima-se que a luz começou a se espalhar pelo universo.

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Telescópio espacial Planck captura imagem do 1º vestígio de luz do Universo






EFE

Paris, 21 mar (EFE).- O telescópio espacial Planck capturou a imagem do primeiro vestígio de luz do Universo, um fóssil cosmológico transformado em 'hiperfrequências' que surgiu há mais de 13 bilhões de anos, pouco depois do Big Bang, informou nesta quinta-feira a Agência Espacial Europeia (ESA).

Trata-se da imagem com mais detalhes já produzida do que os cientistas chamam 'de radiação cósmica de fundo' ou 'radiação cósmica micro-ondas (CMB, na sigla em inglês), cuja origem provem de quando o Universo tinha 'apenas' 380 mil anos de idade - hoje, calcula-se que o mesmo tenha cerca de 13,7 bilhões de anos.

'Para um cosmólogo, este mapa é uma mina de ouro de informação', assinalou o astrofísico da Universidade de Cambridge George Efstathiou, membro da equipe cientista da missão Planck.

Essa luz primitiva, congelada no espaço durante milhões de anos, tem agora uma temperatura extremamente fria, com cerca de -273,15 °C, quando a mecânica quântica estabelece que as partículas deixam de se movimentar.

No entanto, essa luz mostrava em suas origens pequenas oscilações de densidade que correspondem às 'sementes' do que depois foram as estrelas e galáxias que conhecemos atualmente.

A CMB, responsável por uma pequena parte da 'névoa' que aparece nas telas dos televisores analógicos ao sintonizar um canal em branco, 'é uma extrapolação enorme no tempo e em termos de energia', explicou em entrevista coletiva o especialista da ESA Marcus Bauer.

'A cosmologia não terminou, ainda há muito trabalho por fazer' para alcançarmos 'uma fotografia consistente', acrescentou o cientista, que ressaltou que 'é muito perigoso dizer que sabemos o que passou (...) 'sem que se possam fazer provas na Terra' se remontando a um momento no qual 'o universo inteiro cabia em uma mão'.

Essa fotografia única é o resultado do processamento dos dados obtidos até agora pelo Planck, um telescópio espacial lançado em maio de 2009 por um foguete Ariane 5 da base de Kuru, na Guiana francesa, para mapear o cosmos e analisar suas origens em uma órbita situada a 1,5 bilhões de quilômetros da Terra.

Os satélites COBE (Cosmic Background Explore) e WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe) já tinham produzido versões anteriores dessa fotografia em 1992 e 2003, respectivamente, que estabeleceram que o Universo está composto de 4,5% de matéria ordinária, um 22,7% de matéria escura e um 72,8% de energia escura.

No entanto, a imagem divulgada hoje pela ESA é dez vezes mais nítida que a obtida pelo WMAP há dez anos.

'A missão Planck da ESA foi capaz de 'sintonizar' o sinal CMB com uma precisão sem precedentes, eliminando todas as interferências e fontes sobrepostas para nos mostrar a radiação cósmica de fundo com um assombroso nível de detalhe', resumiu a ESA, que investiu 1,7 bilhões de euros e 15 anos de estudos preliminares nessa aventura espacial.

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Solange Christtine Ventura
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